[WIP] Notas de estudo em: Fundamentos da Metafísica dos Costumes - Kant
A obra retrata uma análise profunda de Kant sobre a Moral. Nestas notas de estudo, eu pretendo expor minha interpretação ao ler o texto, considerando o contexto histórico do autor. Peguemos uma xícara de café e apreciemos esta obra-prima. xD
2020-06-28Prefácio:
A Antiga filosofia grega repartia-se em três ciências: a Física, a Ética e a Lógica.
Todo conhecimento racional é ou material e refere-se a qualquer objeto, ou formal e ocupa-se exclusivamente com a forma do entendimento e da razão
-
Filosofia formal:
- Lógica
-
Filosofia material (possuem parte empírica):
- Ética: leis da liberdade -> objeto de experience: natureza (tudo acontece)
- Física: leis da natureza -> objeto de experience: vontade humana (tudo deve acontecer)
-
Estudo da Ética:
- Parte empírica: Antropologia prática
- Parte pura: Moral
Kant critica a junção dos dois campos de estudo: segundo Kant, a parte formal e material da filosofia são desempenhadas de maneira inteiramente diferentes, reclamando diferentes talentos e a reunião em uma só pessoa produz uma obra imperfeita.
"Deve-se concordar que uma lei, para possuir valor moral, isto é, para fundamentar uma obrigação, precisa de implicar em si uma absoluta necessidade."
- Aqui Kant argumenta a favor da necessidade da existência de uma filosofia moral a qual expurgue tudo quanto é empírico, tal filosofia baseia-se na idéia do dever e das leis morais.
Para Kant a existência de uma Metafísica dos costumes é necessária não só para indagar a origem de princípios, mas também porque a moralidade está sujeita à perverções. Ou seja, para que uma ação seja moralmente boa, não basta que esta esteja conforme a lei moral, mas que seja praticada por causa da lei moral: a vontade pura.
- "É que a Metafísica dos costumes deve indagar a idéia e os princípios de uma vontade pura possível, e não as ações e condições do humano querer em geral, as quais, em sua maioria, são tomadas da Psicologia."
Divisão da obra:
- Primeira secção: Passagem do conhecimento racional comum da moralidade ao conhecimento filosófico.
- Segunda secção: Passagem da filosofia moral popular à Metafísica dos costumes.
- Terceira secção: Último passo da Metafísica dos costumes à Crítica da razão pura prática.
Primeira Secção:
Talentos podem tornar-se extremamente maus e prejudiciais se não regidos por uma boa vontade. De acordo com Kant, tal boa vontade constitui condição indispensável para uma vida virtuosa.
Existem certas qualidades favoráveis a esta boa vontade, porém não possuem valor intrínseco absoluto. Isso pois, a boa vontade é tal, não pelas suas obras ou realizações, mas pelo querer, ou seja, boa em si mesmo. Isso a torna uma jóia preciosa e almejável mesmo que não tenha nenhum outro talento a não ser esta.
Todavia, Kant propoe uma análise mais aprofundada sobre tal valor absoluto, uma vez que não se sabe se por detrás de uma boa vontade, pode haver uma falsa intenção de conferir à razão a direação dessa vontade.
-
Aqui Kant parte da premissa de que, na constituição de um ser vivo, não existe orgão destinado a uma função, que não seja o mais adequado para tal. Com isso, Kant afirma que o fim último da razão não pode ser a felicidade, pois tal objetivo é muito melhor alcançado com as pre definições estabelecidas pelo instinto. Portanto, criaturas dotadas de razão que a submetem "àquela fraca e ilusória direção" estariam estragando o plano da natureza.
-
Feito o cômputo das vantagens que auferem (têm como resultado) o uso da razão, ele cita a arte (luxo vulgar) e ciência (luxo do entendimento), são superadas pelas fadigas sofridas visto a felicidade desfrutada. E por tal motivo, indivíduos mais experimentados no uso da razão, "comparando-se com a categoria de homens inferiores, que de preferência se deixam guiar pelo instinto, nem concedem à razão senão diminuta influência sobre seu procedimento, acabam por sentir mais inveja do que desprezo deles."
-
A razão nos foi outorgada como potência que deve exercer influência sobre a vontade, pois essa interessa-se por outros fins. É mister, portanto, que a razão seja destinada a produzir uma boa vontade, o bem supremo, condição donde dependem os demais bens.
Análise do dever: